Quem foi AGS?

Conheça um pouco a história do Rev. Ashbel Green Simonton, o missionário americano que dá nome ao Instituto.

Ashbel Green Simonton, o missionário fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, era membro de uma das inúmeras famílias de origem escocesa-irlandesa que viviam no Estado da Pensilvânia. Simonton nasceu em 20 de janeiro de 1833 na localidade de West Hanover, no sul daquele estado. Era o filho mais novo do Dr. William Simonton, um médico que também abraçou a carreira política, tendo sido eleito duas vezes para o Congresso dos Estados Unidos. A mãe de Simonton, Martha Davis Snodgrass, era filha do Rev. James Snodgrass, que durante 58 anos foi pastor da Igreja Presbiteriana local. Após a morte do seu pai e do avô materno em 1846, Simonton, então com treze anos, e sua família mudaram-se para a cidade de Harrisburg, no mesmo estado, onde ele concluiu os estudos secundários. Desde cedo Simonton recebeu as melhores influências morais, intelectuais e espirituais da fé presbiteriana em que foi criado. Essas influências podem ser facilmente discernidas no Diário que escreveu a partir dos dezenove anos de idade.

Após estudar na Academia de Harrisburg, Simonton ingressou no Colégio de Nova Jersey, fundado pelos presbiterianos em 1746, que mais tarde viria a ser a conceituada Universidade de Princeton. Um dos primeiros presidentes do Colégio fôra o notável pastor e educador escocês John Witherspoon (1723-1794), o único ministro religioso a assinar a declaração de independência dos Estados Unidos, em 1776.

Ao concluir os seus estudos em Princeton, em 1852, Simonton, então com dezenove anos, empreendeu uma longa viagem pelo sul dos Estados Unidos em busca de experiência na área do ensino. Por um ano e meio dirigiu uma academia para meninos em Starkville, no Mississipi. A detalhada descrição dessa viagem forma a parte inicial do seu interessante Diário, em que ele registra observações perspicazes sobre uma grande variedade de assuntos, desde suas próprias lutas interiores nas áreas vocacional e sentimental até suas reflexões sobre temas candentes da época, como a escravidão, os problemas políticos e as tensões entre o norte e o sul do país.

Voltando a Harrisburg em meados de 1854, Simonton debateu-se mais uma vez com o problema da escolha de uma carreira. Deixando de lado o interesse pelo magistério, optou pelo estudo do Direito, embora reconhecendo certas dificuldades éticas quanto ao exercício da advocacia. Uma das principais considerações que tinha em mente era que, qualquer que fosse a vocação a seguir, ele devia exercê-la com um forte senso de responsabilidade social. Essa preocupação é claramente vista em uma tocante passagem do seu Diário em que ele se preocupa com a situação dos pobres nas vésperas do Natal de 1854. Diz ele: “Neste inverno provavelmente haverá mais sofrimentos entre as classes pobres do que jamais houve. Milhares de trabalhadores já foram despedidos nas cidades e nos aglomerados industriais; os aluguéis e a comida estão caros… o carvão custa mais que nunca. Se o inverno todo for tão severo como em dezembro, muita gente vai sofrer muito”.

Poucas semanas mais tarde, ao completar vinte e dois anos, Simonton preocupava-se por ainda não ter fixado o objetivo da sua existência. Em pouco tempo, tais dúvidas seriam dissipadas por um grande reavivamento religioso ocorrido em sua região. Há mais de um século, desde o tempo dos puritanos da Nova Inglaterra, o fenômeno dos avivamentos havia se tornado uma característica marcante do protestantismo norte-americano. Esses avivamentos, que surgiam periodicamente em diferentes lugares, geravam um grande interesse por questões de ordem espiritual em indivíduos, igrejas e comunidades inteiras.

Em conseqüência de um fenômeno dessa natureza ocorrido em sua igreja, Simonton procurou tornar mais explícito o cristianismo evangélico que sempre fôra parte importante do seu ambiente familiar e de toda a sua formação. Ele passou a ver a experiência religiosa como algo profundamente decisivo para a sua realização pessoal. Visto que a fé diz respeito aos fundamentos da existência humana e aos significados últimos da realidade, seria uma grande insensatez não devotar a essas questões uma profunda atenção.

Durante um período de muitas lutas e questionamentos, ele assumiu publicamente o seu compromisso com Cristo, tornando-se membro da igreja que freqüentava. Ao mesmo tempo, compreensivelmente, começou a sentir grande atração pela carreira religiosa. O fato de que, ao ser batizado ainda em criança, os seus pais o haviam dedicado a Deus para ser um pregador do Evangelho, foi também um poderoso incentivo. Assim, no final de junho de 1855, Simonton ingressou no Seminário de Princeton. Esse seminário havia sido fundado em 1812, nos moldes das melhores tradições calvinistas, a fim de dar uma sólida preparação intelectual e teológica aos futuros ministros presbiterianos.

Ainda no primeiro semestre de estudos, Simonton ouviu uma pregação do Dr. Charles Hodge (1797-1878), eminente teólogo e professor do seminário, que o fez pensar seriamente na possibilidade de devotar-se à obra missionária no estrangeiro. Uma das principais conseqüências dos grandes reavivamentos norte-americanos havia sido um profundo interesse por missões, ou seja, a preocupação em levar a mensagem cristã a outros povos. A primeira entidade surgida nos Estados Unidos com essa finalidade foi a Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeiras, criada pelos congregacionais em 1810. Em 1837, os presbiterianos também criaram a sua própria Junta de Missões Estrangeiras, que eventualmente começou a atuar em diversas regiões da Ásia, África e América Latina.

Inicialmente, Simonton parece ter considerado a Bolívia como provável campo de trabalho. Todavia, em novembro de 1858, ao candidatar-se formalmente para a obra missionária no exterior, citou o Brasil como o campo de sua preferência. Não sabemos o que o levou a decidir-se pelo Brasil, mas existe uma possibilidade que consideraremos adiante. Simonton foi ordenado ao ministério presbiteriano em 14 de abril de 1859, conheceu o seu futuro cunhado e colega Alexander Latimer Blackford (1829-1890), e embarcou para o Brasil em 18 de junho, chegando ao Rio de Janeiro no dia 12 de agosto de 1859, há exatos 154 anos atrás.

 

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